E é chegada a hora da mudança…

O quê acontece conosco quando de repente percebemos que não vemos mais graça naquele local que passamos no mínimo 8 horas por dia. Quando percebemos que não queremos mais nos levantar da cama todas as manhãs, ou ficamos chateados quando chega o domingo a noite.
É chegada a hora de revermos nossos objetivos.
Tudo bem, mas o quê fazer quando sabemos que não estamos mais satisfeitos, revimos nossos objetivos e chegamos a conclusão que: é preciso mudar!
A maioria das pessoas pára neste momento pois mudar dá muito trabalho,nos questionamos sobre como manteremos a família, nossa idade, requer descobrir o novo e não ter medo do novo, é preciso ter paciência e principalmente persistência.
O primeiro passo é buscarmos respostas para algumas perguntas como: O quê está acontecendo comigo? Por que não estou mais motivada(o)? Consigo melhorar dentro da empresa que estou atualmente?
Se na última pergunta a resposta for NÃO então está na hora de mudar, ou melhor, planejar uma mudança. Todos temos o direito de sermos felizes, de fazermos nosso trabalho com paixão, de aceitarmos os desafios com motivação e otimismo.
Mas o próximo passo é: como planejar uma mudança?
O planejamento requer o autoconhecimento, é fundamental sabermos “no que sou bom?” e “quais são meus pontos a melhorar?”. Pois esta mudança tem que ser para melhor, tem que nos realizar ou pelo menos fazer parte do caminho para alcançarmos nosso objetivo final.
Uma mudança bem planejada faz com que tenhamos certeza de cada passo dado. Pode ser que optemos por uma oportunidade que não seja tudo aquilo que estávamos esperando mas o processo de autoconhecimento que este processo nos agrega é fantástico. É um processo planejado faz com que façamos uma retrospectiva das nossas prioridades, como lazer, desenvolvimento, carreira, família. Será que temos o equilíbrio nestas áreas?
Para qualquer mudança que provoquemos em nossas vidas, seja profissional quanto pessoal se não estivermos em harmonia com todos os campos que nos sustentam seremos eternos insatisfeitos!
“Você não pode mudar seu ponto de partida, mas pode mudar a direção para a qual está seguindo. O quê conta não é o que você vai fazer, mas o quê vai fazer agora.” (Napoleon Hill)

A executiva no céu (Max Gehringer)

Foi tudo muito rápido. A executiva bem-sucedida sentiu uma pontada no peito, vacilou, cambaleou. Deu um gemido e….. apagou.

Quando voltou a abrir os olhos, viu-se diante de um imenso portal. Ainda meio zonza, atravessou-o e viu uma miríade de pessoas. Todas vestindo cândidos camisolões e caminhando despreocupadas. Sem entender bem o que estava acontecendo, a executiva bem-sucedida abordou um dos passantes :

– Enfermeiro, eu preciso voltar urgente para o meu escritório, porque tenho um meeting importantíssimo. Aliás, acho que fui trazida para cá por engano, porque meu convênio médico é classe A , e isto aqui está me parecendo mais um pronto-socorro. Onde é que nós estamos?

– No céu.

– No céu?…

– É. Tipo assim, o céu. Aquele com querubins voando e coisas do gênero.

– Certamente. Aqui todos vivemos em estado de gozo permanente.

Apesar das óbvias evidências (nenhuma poluição, todo mundo sorrindo, ninguém usando telefone celular), a executiva bem-sucedida custou um pouco a admitir que havia mesmo apitado na curva. Tentou então o plano B: – convencer o interlocutor, por meio das infalíveis técnicas avançadas de negociação, de que aquela situação era inaceitável. Porque, ponderou, dali a uma semana ela iria receber o bônus anual, além de estar fortemente cotada para assumir a posição de presidente do conselho de administração da empresa. E foi aí que
o interlocutor sugeriu:

– Talvez seja melhor você conversar com Pedro, o síndico.

– É? E como é que eu marco uma audiência? Ele tem secretária?

– Não, não. Basta estalar os dedos e ele aparece.

– Assim? (…)

– Pois não?

A executiva bem-sucedida quase desaba da nuvem. À sua frente, imponente, segurando uma chave que mais parecia um martelo, estava o próprio Pedro.
Mas, a executiva havia feito um curso intensivo de approach para situações inesperadas e reagiu rapidinho:

– Bom dia. Muito prazer. Belas sandálias. Eu sou uma executiva bem-sucedida e…

– Executiva… Que palavra estranha. De que século você veio?

– Do 21. O distinto vai me dizer que não conhece o termo “executiva”?

– Já ouví falar. Mas não é do meu tempo.

Foi então que a executiva bem-sucedida teve um insight. A máxima autoridade ali no paraíso aparentava ser um zero à esquerda em modernas técnicas de gestão empresarial. Logo, com seu brilhante currículo tecnocrático, a executiva poderia rapidamente assumir uma posição hierárquica, por assim dizer, celestial ali na organização.

– Sabe, meu caro Pedro. Se você me permite, eu gostaria de lhe fazer uma proposta. Basta olhar para esse povo todo aí, só batendo papo e andando a toa, para perceber que aqui no Paraíso há enormes oportunidades para dar um upgrade na produtividade sistêmica.

– É mesmo?

– Pode acreditar, porque tenho PHD em reengenharia. Por exemplo, não vejo ninguém usando crachá .. Como é que a gente sabe quem é quem aqui, e quem faz o quê?

– Ah, não sabemos.

– Headcount, então, não deve constar em nenhum versículo, correto?

– Hã?

– Entendeu o meu ponto? Sem controle, há dispersão. E dispersão gera
desmotivação. Com o tempo isto aqui vai acabar virando uma anarquia. Mas nós dois podemos consertar tudo isso rapidinho implementando um simples programa de targets individuais e avaliação de performance.

– Que interessante…

– Depois, mais no médio prazo, assim que os fundamentos estiverem sólidos e o pessoal começar a reclamar da pressão e a ficar estressado, a gente acalma a galera bolando um sistema de stock option, com uma campanha motivacional impactante, tipo: ” O melhor céu da América Latina”.

– Fantástico!

– É claro que, antes de tudo, precisaríamos de uma hierarquização de um organograma funcional, nada que dinâmicas de grupo e avaliações de perfis psicológicos não consigam resolver.

– Aí, contrataríamos uma consultoria especializada para nos ajudar a definir as estratégias operacionais e estabeleceríamos algumas metas factíveis de leverage, maximizando, dessa forma, o retorno do investimento do Grande Acionista… Ele existe, certo?

– Sobre todas as coisas .

– Ótimo. O passo seguinte seria partir para um downsizing progressivo,
encontrar sinergias high-tech, redigir manuais de procedimento, definir o marketing mix e investir no desenvolvimento de produtos alternativos de alto valor agregado. O mercado telestérico por exemplo, me parece extremamente atrativo.

– Incrível!

– É óbvio que, para conseguir tudo isso, nós dois teremos que nomear um Board de altíssimo nível.

Com um pacote de remuneração atraente, é claro, coisa assim de salário de
seis dígitos e todos os fringe benefits e mordomias de praxe. Porque,
agora falando de colega para colega, tenho certeza de que você vai concordar comigo, Pedro.

O desafio que temos pela frente vai resultar em um turnaround radical.

– Impressionante !

– Isso significa que podemos partir para a implementação?

– Não. Significa que você terá um futuro brilhante se for trabalhar com o
nosso concorrente. Porque você acaba de descrever, exatamente, como funciona o Inferno…

Autor: Max Gehringer (Revista Exame)